Entre o céu e o inferno: texto colaborativo(MD 5)

Horário de verão. Saí de casa muito cedo, e já estava próximo à Universidade, quando, de repente, me deparei com a mais surpreendente cena: havia alunos correndo prá todo lado pois chovia muito. O trânsito estava truncado, pois dezenas de carros se aglomeravam e tentavam chegar o mais perto do portão principal. Era o único acesso permitido. E já imaginaram o motivo da agitação, não é mesmo? Dia do Vestiba, imaginei ! E eu que não tinha nada a ver com aquilo tudo, tinha de dar continuidade ao meu dia e não tinha como passar. Eu já fui vestiba um dia e confesso que estar naquela situação, não é fácil, mas estar aqui, tentando chegar ao trabalho com o pescoço prestes a ser cortado devido a atrasos e sem ter pai e mãe pra me sustentar (coisa que o vestiba tem), fiquei apavorado. E nesse tempo, a chuva continuando, eu me molhando, jovens correndo, celulares caindo, pai xingando, mulher buzinando. Com habilidade consegui driblar a confusão e entrei no prédio onde a correria continuava. Me recolhi e procurei o espaço do meu silencio interior, me concentrei e me pus a trabalhar. Há anos estou treinando para agir a partir de mim mesmo, do meu núcleo interior sem me deixar influenciar pelo ambiente que me circunda. Não é isso que se chama de identidade? O sentido de unidade e continuidade interior que perdura no tempo e nas diversas circunstâncias. Mas, como diria o revolucionário latino-americano: “Hay que endurecer, pero que sin perder la ternura jamas”. No fundo era disso que se tratava: uma pequena revolução que deveria fazer no meu cotidiano para enfrentar essa maratona chamada vestibular. Aliás, isso me faz lembrar que passamos a vida sendo testados. Tudo é objeto de teste e avaliação: nossa saúde, nossa inteligência, nossas competências para competir, nossa paciência. Estar na situação de vestibulando é estar numa espécie de purgatório/ ou de inferno. Na verdade eu devia me contar uma pessoa feliz, pois já tinha um lugar no mundo. Aquele mundo de jovens, na sua maioria, ainda nem tinha começado a sua jornada. Só tinham sonhos. Assim, mergulhei no meu universo de pensamentos e lembranças e fiquei apaziguado.

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